MORTEVIDA | Galeria Quartoamado | Belo Horizonte | BR
Começamos a morrer no dia em que nascemos. Abrimos os olhos tateando o fôlego que ainda não temos e abanamos os braços em busca dos abraços que desconhecemos. Não chegamos e nem chegaremos. Nascemos almas e corpos em movimentos tensos e intensos, bolsões de ar em força centrífuga a girar pelo tempo como barcos à vela desancorados do cais.
Não importa o destino, mas o caminho. O movimento singular das árvores, os corpos dançando o tempo imponente e atento; uma plateia a reverberar o canto em encanto dos dias que ainda viveremos. O universo acontece sempre durante. Começamos a nascer no dia em que aceitamos que morreremos.
Thiago Alvim vive durante. Pincelando as estações do tempo entre a cidade e o campo; interceptando a organicidade da natureza em geometrias calculadas pela vida nas ruas iluminadas de uma capital em transe. A busca pelo equilíbrio acontece enquanto realizamos os sonhos que não planejamos. Porque todos os caminhos da vida só nos colocam adiante.
Há de se perceber a verdade, a vontade e a saudade do que ainda não tocamos. As cores vivas mergulhadas nos mares de montanhas de uma história imaculada no brilho do ouro. Lembranças de Ouro Preto, inquietudes para o futuro. Esta pintura é um abrigo no mundo para as angústias inoportunas que não mais cultivamos.
Bernardo Biagioni | 2016